Especial Scream Queens, Segunda Parte.
* O texto a seguir contém spoilers e cenas fortes*
Lançado em 1973 e sob a direção precisa e perfeita de William Friedkin, O Exorcista dispensa apresentações. Indicado a dez categorias do oscar, incluindo melhor filme, O Exorcista é o melhor filme de terror da história e um dos mais importantes filmes da história do cinema. Creio que todo mundo já assistiu e quem não assistiu pare agora mesmo o que está fazendo e vá assistir. É uma obra de arte inquestionável, goste você dele ou não, além de ser atemporal, pois feito a quase 50 anos atrás hoje ainda é capaz de nos deixar noites sem dormir.
O enredo do filme é a batalha do bem contra o mal em sua forma mais crua. Acompanhamos a gradativa possessão demoníaca que aflige a jovem Regan, a personagem de Linda Blair, enquanto vemos sua mãe Chris, interpretada também brilhantemente pela incrível Ellen Burstyn, correndo desesperada atrás de salvar sua filha.
Claro, o exorcista é uma obra de arte completa, tudo é muito bem feito, sejam a parte técnica seja a parte artística, porém um dos maiores acertos da obra e parte fundamental do sucesso da obra é a atuação de Linda Blair. Ao decorrer do filme ela entrega uma interpretação brilhante que deixa clara a exaustão que vai tomando conta de Regan enquanto ela trava uma batalha dentro de si pelo domínio de seu corpo ou quando a possessão está completa e ocorre o ritual do exorcismo.
Parta conferir mais veracidade as atuações, o diretor estava constantemente dando sustos dos atores para pegá-los desprevenidos. A atuação rendeu a Linda Blair a indicação ao oscar de melhor atriz coadjuvante e a Ellen Burstyn indicações de melhor atriz.
O curiosos é que o papel que deu a Linda Blair foi o mesmo que, anos depois, foi o responsável pelo declínio da mesma quando em 1977 ela aceitou participar da bomba que foi O Exorcista II: O Herege.
Infelizmente, ultimamente lembrada apenas por sua delicada situação mental e financeira (veja aqui), Shalley está aposentada oficialmente desde 2002.
Lançado em 1980 com direção do gênio do cinema a frente de seu tempo (e um ser-humano meio questionável que achava que em nome do cinema valia a pena qualquer coisa) Stanley Kubrick, O Iluminado é uma obra de arte completa e, para muitos, é melhor até mesmo que O Exorcista. O filme acompanha a história de Jack Torrance, interpretado magistralmente pelo multipremiado e meu ator favorito Jack Nicholson, um professor e escritor frustrado e alcoólatra lutando contra o vício que aceita um trabalho temporário como zelador de um hotel no meio do mais absoluto nada que fica fechado durante o inverno. Ele e sua esposa Wendy, papel de Shelley, e o filho do casal Danny (interpretado por Danny Lloyd) que tem poderes psíquicos, mudam-se para o hotel e gradativamente vão se deparando com as ameças sobrenaturais do hotel que provocam a loucura de Jack.
O filme é um pesadelo de Kubrick que, sendo o diretor magistral que era, consegue transportar para a tela toda a insanidade daquela situação. Eis que para conseguir arrancar de Shelley todo o terror que ele queria, ele transformou a vida da atriz num pesadelo durante a gravação. Ele foi tão abusivo com ela que há relatos de que ela chegou a perder cabelos e dentes em decorrência do stress provocado pelo diretor, como quando ele a fez regravar a cena mais de 100 vezes (a cena abaixo) ou as constantes humilhações que ele fazia ela passar alegando que era pelo "bem da personagem".
Todo o horror expresso por Shelley foi fruto de tudo o que ela passou durante as gravações e é muito triste saber que uma das mais brilhantes atuações da história do cinema de horror na realidade, não foi atuação.
Assim como O Iluminado, Carrie, A Estranha também é uma adaptação de uma obra do mestre do horror literário Stephen King. Carrie foi o primeiro livro escrito por ele e seu primeiro best seller e também foi sua primeira obra adaptada para o cinema.
Acompanhamos a historia de Carrie, papel de Sissy Spacek, uma garota "estranha" como subgere o subtítulo do filme, filha de uma mãe psicótica fanática religiosa, interpretada por Piper Laurie, e que sofre bullying de suas colegas, especialmente Chris (Nancy Allen).
O filme é uma ode ao feminino. Usando de alegorias para tratar da puberdade, Carrie descobre que tem poderes psíquicos e pode mover coisas com a mente e eles se desenvolvem conforme ela entra na puberdade (tardia), pois ela começa a desenvolver seus dons após ter sua menarca. Mesmo que você não tenha visto o filme, com certeza você conhece a cena do baile, onde Carrie, após ser pressionada até o seu limite e provoca uma chacina. Essa cena clássica foi referenciada inúmeras vezes em várias obras do áudio visual.
A atuação de Sissy é magistral. Ela consegue transmitir perfeitamente as facetas de Carrie para a tela, a garota assustada que sofre nas mãos dos colegas escrotos da escola, a menina assustada descobrindo seu corpo, a mulher completamente fora de si depois de ser pressionada até seu limite. O filme tem duas indicações ao oscar sendo melhor atriz para Sissy e melhor atriz coadjuvante para Piper Laurie.
Tento feito apenas um filme em sua carreira, hoje ela é produtora de maconha medicinal. Eu acho estranho que as listas de screen queens aí pela internet não a citam.
Lançado em 1999 e com direção de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez, A Bruxa de Blair é um dos filmes mais rentáveis da história (se não o mais rentável) tendo custado 60 mil dólares e arrecadou 248 milhões de dólares.
Sendo o único found footage realmente bom feito até hoje, o filme em formato de falso documentário alega ser as imagens encontradas gravadas por três estudantes de cinema Heather Donahue, Joshua Leonard e Michael C. Williams (o nome dos personagens é o mesmo dos atores) após o desaparecimento deles que entraram em uma floresta para documentar uma lenda local a respeito de um espirito de uma bruxa que vaga pela floresta.
Enquanto os outros dois vão enlouquecendo, um fica tímido e retraído e o outro fica tentando se convencer de que está tudo bem, Heather vai ficando cada vez mais apavorada conforme os conflitos da trama vão se apresentando.
O filme foi feito "a lá caralha" em que os diretor colocaram os jovens com pouca comida no meio de uma floresta desconhecida com pouca quantidade de comida e sem saber praticamente nada do que aconteceria aconteceria com eles e lhes foram dadas câmeras para que registrassem tudo. Praticamente tudo o que vemos na tela foi a remoção real dos atores que foi registrada, pois a maioria eles não sabiam o que iria acontecer. O filme foi gravado em oito dias e o que vemos em tela são os jovens a beira de uma histeria coletiva por conta das "coisas" que existem naquela floresta. Se você ainda não assistiu, faça esse favor a si mesmo e assista! Esse filme é um dos melhores filmes de horror psicológico da história, tudo nele é incrível!
Não, o que confere a Mia Farrow o título de scream queen não foi o casamento com o porco nojento do Woody Allen que ela largou quando descobriu que ele TINHA UM CASO COM A FILHA DELA!! E ele foi acusado por outra filha dela, que 7 anos na época do ocorrido, de tê-la estuprado!!! (mas que infelizmente, sabe escrever roteiros como ninguém). O papel que lhe confere esse título é o de Rosemary Woodhouse no clássico O Bebê de Rosemary de 1968.
A produção desse filme por si só já é um filme de terror completo! Dirigido pelo porco nojento do Roman Polanski (que um ano depois do lançamento do filme ficaria viúvo de Sharon Tate, a mais famosa da vítimas dos seguidores de Charles Manson e que hoje é foragido dos Estados Unidos por ter sido condenado em 1978 por ter dopado, estuprado e sodomizado uma criança de 13 anos) foi gravado no famigerado Edifício Dakota, onde morava e em 1980 John Lennon foi assassinado, além do comportamento, digamos, errante da própria Mia durante as filmagens do filme.
Embora não seja um filme graficamente explícito, o filme lida com temas complexos como estupro e relacionamentos abusivos, o filme acompanha a história de Rosemary e seu marido Guy (John Cassavetes) que passam por uma crise financeira. Ao se mudarem para um novo apartamento, a vida dos dois começa a ir cada vez melhor com ambos conseguindo realizar seus sonhos, no caso de Guy seu anseios profissionais e Rosemary consegue engravidar.
Com o passar do tempo, as coisas começam a ficar cada vez mais estranhas com o cuidado excessivo e evasivo dos vizinhos que, ao primeiro olhar parecem fofos, mas passam a se tornar cada vez mais intrometidos na gravidez. Com o passar do tempo, Rosemary começa a ficar cada vez mais preocupada em manter seu filho seguro conforme seu marido vai se afastando dela, a paranoia de Rosemary torna-se maior.
Com um plot twit chocante, o filme usa como alegorias o satanismo para tratar sobre, como já citado antes, temas muito sensíveis como estupro, relacionamento abusivos, desvalidação da narrativa feminina e gaslighting, o filme é uma obra de arte sensível e dúbia que mostra tudo o que uma mulher precisa abrir mão para poder ser viver, além de abordar a maternidade em suas mais terríveis facetas, sobre o "inferno" (com o perdão do trocadilho) que pode ser uma gravidez e sua unilateralidade, ao passo que a mãe é sempre a Mãe, enquanto o "pai" às vezes, só está lá fisicamente. porém é completamente ausente.
Embora ela tenha feito um papel deslumbrante (e indicado ao oscar) em O Sexto Sentido, Toni está PERFEITA em Hereditário.
Clássico instantâneo do terror lançado em 2018 a concebido pelo gênio Ari Aster, o filme acompanha a história de uma família que começa a presenciar acontecimentos gradativamente bizarros após a morte da avó da família. Eu vou falar pouco sobre esse filme porque eu realmente espero que se você ainda não viu, assista! Tem completo no youtube e vale a pena cada segundo. E se você já assistiu, você sabe exatamente do que eu estou falando!
É um filme que aborda o sacrifício, porém contato através da "oferta" e não de quem está orquestrando tudo. Sério, é genial, e a atuação de Toni (que é uma atriz estupenda) confere uma verdade à personagem que é impossível você não se envolver.
Falarei pouco sobre ele por ser o mais recente da lista e é do tipo de filme que quanto menos você souber, mais você aproveitará, então sério, assista.
Se tem uma dica boa que eu posso te dar é essa.
Simplesmente impossível fazer uma lista que englobe final girls ou scream queens e não citar ela, e única, a incomparável, a garota propaganda das badasses, a tenente Ellen Ripley da franquia Alien.
Alien: O Oitavo Passageiro. lançado em 1979 com direção de Ridley Scott (que na época ainda sabia fazer bons filmes) e acompanha um futuro onde a nave Nostromo está em viagem pelo espaço e desperta seus tripulantes após interceptar uma mensagem que não é compreendida, mas devido a uma cláusula do contrato deles, como há a possibilidade de ser uma mensagem pedindo ajuda, eles são obrigados a ir verificar a origem do sinal e acabam em um planeta onde uma forma de vida não conhecida os ataca.
Imagino que você já tenha assistido, mas caso ainda não tenha visto, vale muito a pena! Ripley é a segunda no comando da nave, desde o começo, se os demais tripulantes tivessem ouvido ela e seguido os protocolos de segurança que ela tentou aplicar, toda aquela merda teria sido evitada!
O primeiro filme da franquia é o que mais se aproxima do horror e é uma obra de arte impecável que é cultuada até hoje, e com toda a razão para isso! Entretanto, a personagem rendeu a Sigourney uma indicação como melhor atriz no oscar em Aliens: O Resgate e tem, nessa sequência, uma das cenas mais icônicas da personagem, que você pode ver a seguir.
Menções Honrosas:
Rebecca Gayheart com sua incrível Brenda Bates, que é TUDO menos uma vítima indefesa de Lenda Urbana, Jane Levy com a Mia do remake de A Morte do Demônio, uma final girl fora da curva, viciada em drogas que não se importa com os outros apenas com sua própria sobrevivência e Jennifer Carpenter com a incrível interpretação em O Exorcismo de Emily Rose onde ela dá vida a Emily Rose uma vítima de uma possessão demoníaca inspirada em fatos e no remake americano de [REC], Quarentena onde ela dá vida a Angela, uma repórter que se vê obrigada a lutar por sua sobrevivência em um prédio que está lacrado pelo exército devido a uma infecção que assola o local e os transforma em zumbis (é found footage eu sei que critiquei antes, mas eu não disse que é bom, o que estou dizendo é que eu gosto KKKK, há uma diferença).
E por fim o amor da minha vida Rose McGowan, com a sua badass Tatum de Pânico, com a queen bee psicopata Courtney de Um Crime Entre Amigas, a vítima indefesa Pam de A Prova de Morte e a badass que tem uma metralhadora no lugar da perna (!!!) Cherry do maravilhoso trash Planeta Terror.
Comentários
Postar um comentário