Enaltecendo Charlize Theron.
Mad Max: Estrada da Fúria; Branca de Neve e o Caçador; AEon Flux;
Dona de uma carreira com mais de vinte anos de atividade, colecionando indicações (e vitórias) nos principais prêmios da sétima arte, Charlize Theron hoje tem sua imagem associada como um dos maores ícones femininos do cinema de ação, sendo seus maiores projetos atuais no gênero, porém ela já se provou uma das atrizes mais competentes da nossa geração transitando por vários gêneros. Sendo Charlize uma das minhas atrizes favoritas, fiz uma lista enaltecendo a diva com seus trabalhos que eu mais gosto.
Lançado em 2001, com direção de Pat O'Connor e estrelado por Charlize ao lado do Keanu Reeves, o filme gira em torno de Nelson, um homem que só sabe viver para o trabalho. Sua vida vazia com relações liquidas muda completamente na manhã em que ele conhece Sara, uma hippie moderna que não liga para absolutamente nada do que Nelson gosta. Ela implica com ele e começa a "persegui-lo" até que ele aceite se encaixar no modelo de relacionamento que ela tem o oferecer: Abrir mão de seu emprego "perfeito" e seu imenso apartamento para passar um mês morando junto a ela e depois cada um seguirá seu caminho separadamente. Sendo Nelson um adepto de relacionamentos líquidos, primeiro reluta, mas acaba aceitando os termos do relacionamento de Sara e se muda para casa dela para viverem juntos por um mês.
Um romance tocante que trás um sub-texto sobre o advento dos relacionamentos modernos que começavam a ser discutidos na época, sobre conflitos de interesses e empecilhos que mostram que nem só de amor pode viver um relacionamento. Com um dos plot twist mais marcantes da época, o final do filme é o ponto que mais amo, é tocante, é comovente, é, ao meu ver, sincero, porém não é uma unanimidade entre os espectadores. Quando for ver, vá de coração aberto, você não vai se arrepender, mas esteja pronto para possíveis decepções, esse não é um romance padrão. Vale ressaltar também que a química entre Charlize e seus parceiros de cena, em especial Keanu, é parte essencial para o sucesso do filme!
Lançado em 2002 e com direção de Luis Mandoki, o suspense conta com, além de Charlize, nomes como Courtney Love se mostrando uma atriz competente, Dakota Fanning com 8 anos de idade na época já provando seu talento e Kevin Bacon, carismático como sempre, interpretando mais um de seus típicos vilões que a gente ama odiar.
A trama gira em torno do casal Karen e Will. Ele, um médico que está viajando para um congresso quando é abordado e mantido refém por Cheryl (Love) em seu quarto de hotel, enquanto Karen (Theron) é mantida refém em sua própria casa por Joe (Bacon). A filha do casal, que estava em casa com Karen (papel de Dakota) é sequestrada e o casal precisa descobrir o motivo de toda essa situação e salvar as próprias vidas e da filha, cujo paradeiro eles nem sabem.
O filme é claustrofóbico, o suspense é muito bem construído e a sequencia final é repleta de ação que, com a devida suspensão de descrença, promove um entretenimento muito bom. É um daqueles suspense gostosinhos, bem pipoca que costumávamos ver nas noite de sábado na TV aberta.
E TACA OSCAR NA LENDA!
Lançado em 2003 e com direção de Patty Jenkins, diretora MARAVILHOSA que em 2017 presenteou o mundo com Mulher-Maravilha, o filme é a cinebiografia da assassina em série estadunidense Aileen Wuornos.
Esse filme é uma obra de arte! A fotografia é estilizada de uma maneira suja, mostra um granulado que nos insere no meio em que Aileen vivia. Começamos com um monólogo de Aileen contando sobre sua infância e em menos de cinco minutos de introdução já estamos imersos em uma história desesperadora sabendo que vai desgraçar nossa cabeça ao fim do filme. Acompanhamos, do ponto de vista de Aileen, conforme seus depoimentos em julgamento, ao decorrer dos eventos de sua vida ao lado de Selby, personagem interpretada por Christina Ricci, o amor da vida de Aileen. Ao decorrer da história, tendo em vista que a base do roteiro são os depoimentos do julgamento de Aileen, são contadas as histórias dos crimes que ela cometeu. O roteiro, também assinado por Patty Jenkins, quer dar voz a versão dos fatos de Aileen, que foi silenciado por tantas vezes ao decorrer da sua história. Ele não se atém a intensões maniqueístas de bem vs mal, sobre quem está certo ou está errado. Ela dá o ponto de vista da história contado por Aileen sim, mas sempre deixando clara sua visão deturpada da realidade que a fez agir do modo como agiu e embora não coloque Aileen como apenas uma vítima, também é capaz de discutir a relação problemática a abusiva de ambas as partes entre Aileen e Selby.
A atuação de Charlize garantiu a ela o oscar de melhor atriz em 2004 já em sua primeira indicação e sua carreira decolou cada vez mais desse ponto em diante.
Sério, pare agora o que estiver fazendo e vá assistir Monster!
Uma menção deve ser feita também ao trabalho de maquiagem do filme, pois eles conseguiram transformar completamente o rosto de Charlize!
Lançado em 2005 e com direção de Niki Caro, rendeu a Charlize sua segunda indicação ao oscar.
Baseado em fatos, o filme conta a história ambientada nos anos 80 de Josey Aimes, mulher que abandona o marido que a espancava e para conseguir sustentar sozinha seus dois filhos consegue emprego em uma mineradora de ferro no interior do estado de Minnesota, nos EUA. Por ser uma das poucas mulheres que trabalhavam no local, que a pouco tempo permitia contratação de mulheres, a personagem sofre com os abusos físicos, psicológicos e sexuais. Sem respostas as suas reclamações, Aimes toma uma das decisões mais importantes da história: resolve mover a primeira ação coletiva por assédio sexual da história dos EUA, unindo-se com outras mulheres que passam pelas mesmas condições. O filme é inspirado no caso judicial norte-americano "Jenson vs. Eveleth Taconite".
Além de Charlize, temos no elenco também as maravilhosas Frances McDormand, Sissy Spacek, Amber Heard e o incrível Woody Harrelson.
Clássico instantâneo do cinema, Estrada da Fúria é o quarto filme da franquia concebida e toda dirigida por George Miller.
Em um mundo pós apocalíptico em um futuro incerto e com sociedades completamente destroçadas pela falta de recursos em um mundo destruído, acompanhamos Max, interpretado por Tom Hardy, um "andarilho solitário" que é capturado por Immortan Joe (interpretado por Hugh Keays Byrne), um ditador que controla toda a pouca água que há, e Max se vê no meio de uma guerra iniciada pela Imperatriz Furiosa, personagem brilhantemente interpretada e composta por Charlize, que está em fuga com as mulheres de Immortan Joe, as "parideiras" que ele mantém em cárcere privado. Elas estão fugindo rumo a liberdade dos domínios do tirano.
Creio que, embora a carreira de Charlize no cinema de ação seja muito prolifera, não seja equivocado dizer que Mad Max é o melhor filme do gênero que ela participou. O filme é uma obra de arte visual que é resultado de um processo complicado e caótico (tanto pelo ódio que Charlize e Tom tinham um pelo outro durante as gravações, passado pelo fato de que o filme não tinha um "roteiro" convencional sendo montado durante a própria gravação e até mesmo o fato de que o filme levou muitos anos para sair do papel) tinha tudo para dar errado, mas o final foi uma obra de arte visual completa por uma trilha sonora hipnotizante e personagens muito bem compostos e interpretados. Sério, não há o que eu possa dizer que vá contemplar a magnitude desse filme. Ele funciona tanto "apenas" como filme de ação como também tem subtextos riquíssimos sobre questões de gênero, sobre totalitarismo, sobre o egoísmo humano, sobre as falências das sociedades e seus sistemas, sobre a questão ambiental, enfim, o filme é perfeito!
Algumas menções honrosas que gostaria de fazer também são Atômica, filme de 2017 que eu já comentei aqui, Æon Flux, primeiro filme de ação protagonizado por Charlize que é um filme que tem lá seus problemas, mas eu gosto bastante. Advogado do Diabo, hoje tido com clássico cult, o filme de 1997 foi a primeira parceria de Charlize com Keanu Reeeves, foi um dos primeiros papeis de destaque dela no cinema, acompanhamos um advogado que enquanto ele enfrenta um dilema moral devido a um novo cliente, vemos a ruína de sua vida privada, o que inclui o processo crescente de adoecimento de sua mulher, interpretada por Charlize.
Outra menção que quero fazer é a dobradinha Charlize e Diablo Cody. Diablo é uma das minhas roteiristas favoritas, responsável por roteiros como Garota Infernal, Juno (seu primeiro roteiro que virou filme e lhe rendeu um oscar de melhor roteiro original) e a incrível série United States of Tara, escreveu dois projetos que foram protagonizados por Charlize.
Jovens Adultos de 2011 onde Charlize interpreta uma escritora frustrada e egoísta que volta a sua cidade natal decidida a reconquistar seu ex-namorado, não se importando com o fato de que para isso ela precisará "passar por cima" do casamento e da família dele e Tully de 2018 onde Charlize interpreta Marlo, uma mãe a beira do desespero de três filhos, sendo um dele recém nascido que não a deixa dormir a muito tempo, então um dia seu irmão manda para a casa dela como um "presente" uma babá para cuidar das crianças a noite. A babá Tully é interpretada por Mackenzie Davis, que está muito bem no filme. Tully na época de seu lançamento foi muito comentado inclusive pelo fato de a interpretação de Charlize ser ótima e ela ter sido "esquecida" nas grandes premiações.
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